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Mesmo em meio à crise, pequenas empresas têm crédito negado

Mesmo em meio à crise, pequenas empresas têm crédito negado

Levantamento do Sebrae mostra que 60% dos empresários de pequeno porte que buscaram ajuda financeira depois do início da pandemia do coronavírus não conseguiram o recurso

Apesar das medidas anunciadas nas últimas semanas pelo Governo Federal, a maioria (60%) dos donos pequenos negócios que já buscou crédito no sistema financeiro desde o início da crise do coronavírus teve o pedido negado.

E ainda há desconhecimento dos empresários a respeito das linhas de crédito que estão sendo disponibilizadas para evitar demissões (29% não conhecem as medidas oficiais e 57% apenas ouviram falar a respeito).

Esses dados foram revelados pela segunda pesquisa “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”, realizada pelo Sebrae entre os dias 3 e 7 de abril.

O levantamento, que ouviu 6.080 empreendedores de todo o país, mostrou que além da dificuldade de acesso a crédito, os pequenos negócios já tiveram que realizar as primeiras demissões por conta da crise.

DEMISSÕES

Nos últimos 15 dias, cerca de 18% dos empresários demitiram funcionários. Considerando o universo de 17,2 milhões de pequenas empresas no Brasil, isso significa que aproximadamente 3 milhões de empreendimentos já demitiram aproximadamente 9 milhões de trabalhadores (média de três empregados por empresa).

De acordo com a pesquisa do Sebrae, a situação financeira das empresas já não era considerada boa pela maioria dos pequenos negócios (73% disseram que era razoável ou ruim), mesmo antes da chegada da pandemia.

Com a crise, a questão se agravou drasticamente. Quase 88% das empresas viram seu faturamento cair (a perda foi de 75% em média) e a estimativa é que as empresas consigam permanecer fechadas e ainda assim ter dinheiro para pagar as contas por mais 23 dias (expectativa média dos entrevistados).

O estudo mostrou também que mais de 62% dos negócios interromperam temporariamente as atividades ou fecharam as portas definitivamente (o que equivale a 602 mil empresas).

Entre os 38% que continuam abertos (5,3 milhões de empresas), a maioria mudou o seu funcionamento passando a fazer apenas entregas, atuando exclusivamente no ambiente virtual ou adotando horário reduzido.

GARANTIA PARA CRÉDITO

Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o levantamento confirma a importância das medidas que vêm sendo anunciadas pelo governo nos últimos dias, em especial a alavancagem que a instituição está fazendo no Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (Fampe).

Nos próximos três meses, o Sebrae vai destinar pelo menos 50% da sua arrecadação para ampliar o crédito aos pequenos negócios.

LEIA MAIS: Burocracia impede que o dinheiro chegue às microempresas, diz Afif

A operação de socorro deve começar com R$ 1 bilhão em garantias, o que viabilizará a alavancagem de aproximadamente R$ 12 bilhões em crédito para pequenos negócios.

Um dos maiores obstáculos no acesso dos pequenos negócios ao crédito é a exigência de garantias feita pelas instituições financeiras.

“Nesse sentido, o Fampe funciona como um salvo-conduto, que vai permitir aos pequenos negócios, incluindo até o Microempreendedor Individual, obterem os recursos para capital de giro, tão necessários para atravessarem a crise provocada pela pandemia do coronavírus, mantendo os negócios e os empregos”, explica Carlos Melles.

COMO OS PEQUENOS TENTAM SOBREVIVER À CRISE

Sua empresa mudou o funcionamento com a crise?

  • 6,6% - não mudaram a forma de funcionar
  • 31% - mudaram o funcionamento
  • 58,9% - interromperam o funcionamento temporariamente
  • 3,5 % - decidiram fechar de vez

Entre as empresas que mudaram seu funcionamento

  • 41,9% estão atuando apenas para entregas ou online
  • 41,2% - estão com horário reduzido
  • 21,6% - adotaram o teletrabalho (home office)
  • 15,3% - implementaram o rodízio de funcionários
  • 5,9% - adotaram drive thru

Como estava a situação das finanças antes da crise

  • 26,6% - era boa
  • 49% - era razoável
  • 24,4% -era ruim

Como seu negócio está sendo afetado em termos de faturamento mensal

  • Aumentou - 2,4%
  • Diminuiu - 87,5%
  • Permaneceu igual - 2,9%
  • Não sabe ou não quis responder - 7,2%

Em relação aos funcionários - tomou alguma medida

  • 46,8% - ainda não tomou medidas
  • 28% -férias coletivas
  • 17,8% - suspensão de contrato de trabalho
  • 17% - redução da jornada de trabalho com redução de salários

Você precisará pedir empréstimos para manter seu negócio em funcionamento sem gerar demissões?

  • 54,9% - sim
  • 17% - não
  • 28,1% - não sabe ou não respondeu

Já buscou empréstimo desde o início da crise

  • 30% - sim
  • 70% - não

Entre os que buscaram crédito

  • 11,3% - conseguiram
  • 29,5% - estão aguardando resposta
  • 59,2% - tiveram pedido negado

COMO OS PEQUENOS RECEBERAM AS MEDIDAS DO GOVERNO

Auxílio emergencial para MEI, autônomo e empregados informais

  • 63,6% - ouviram falar
  • 34,2% - conhecem bem
  • 2,2% - não conhecem

Suspensão de contratos de trabalho e redução de jornada com compensação do governo para empregado

  • 62% - ouviram falar
  • 22,8% - conhecem bem
  • 15,3% - não conhecem

Linhas de crédito com juros menores para empresas que não demitirem

  • 14,2% - conhecem bem
  • 57,3% - ouviram falar
  • 28,5% -não conhecem
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