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Exame de Suficiência 2020 será virtual

Exame de Suficiência 2020 será virtual

Ao todo, são mais de 40 mil candidatos inscritos que devem fazer a prova de suas casas

Porta de entrada para que o aluno de ciências contábeis possa se tornar um profissional atuante, o Exame de Suficiência 2020 vai ocorrer em modalidade à distância no dia 16 de agosto. Ao todo, são mais de 40 mil candidatos inscritos que devem fazer a prova de suas casas, assim obedecendo os protocolos de segurança sanitária nacionais e internacionais. Essa vai ser a primeira prova a ser executada inteiramente online.

O exame de suficiência é um dos requisitos obrigatórios para a obtenção do registro profissional no Conselho Federal de Contabilidade (CFC), e foi instituído em nível federal pela Lei 12.249/2010, complementando o Decreto-Lei n.º 9.295/1946 que criou o próprio Conselho Federal de Contabilidade e define as atribuições da profissão de contador. O CFC regulamentou a aplicação do Exame por meio da Resolução n.º 1.486/15.

"Não é simples, é novo para todo mundo", afirma a vice-presidente de Registro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Lucélia Lecheta, falando sobre o desafio na hora de tomar a decisão para fazer a prova em formato à distância. "Nós profissionais da contabilidade entendemos o quão importante o exame é para a valorização da nossa profissão, e o CFC sempre teve muito zelo e cuidado com a realização do exame em todas as edições que foram feitas presencialmente", diz Lecheta. "Foram horas e horas de reuniões com a empresa licitada para encontrar o melhor sistema e forma de aplicar as provas com segurança e qualidade, como sempre foi no formato presencial".

Para a presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, Ana Tércia Rodrigues, o exame é importante para ter um filtro de qualidade para os profissionais que vão entrar no mercado de trabalho. "A contabilidade é uma profissão que vem se caracterizando por um padrão técnico bastante elevado, e muitas vezes a falta desse padrão pode acarretar em riscos se ele não estiver capacitado para o exercício da profissão", aponta.

De acordo com Vitória Lunardi, professora de contabilidade da UNICNEC em Osório e coordenadora da Comissão de Estudos do CRC-RS de acompanhamento da área do ensino superior, os alunos de ciências contábeis já lidam com a proximidade do exame a partir dos três últimos semestres do curso, e a preparação já começa sutilmente antes disso. "Nos cursos superiores de ciências contábeis não se prioriza um treinamento específico para a prova de suficiência. Os assuntos que são abordados na prova de suficiência estão dentro do rol que é ensinado durante o curso e aparece nas avaliações periódicas", explica.

Leiziany Rubim, gestora de concursos, processos seletivos e exames da Consulplan, empresa que realiza a prova, também destacou a preocupação com as garantias de segurança da prova, evitando possíveis violações do sistema ou hackeamentos. Algumas foram divulgadas, como o embaralhamento de questões e das alternativas, o impedimento de pular ou voltar à essas questões e a exigência de login e senha. Já outras medidas, como monitoramento do próprio sistema, não serão informadas por questões de sigilo para garantir ao máximo a inviolabilidade. "A gente tentou colocar no edital somente as informações que são de fato relevantes e não vão gerar nenhum risco à segurança do processo", afirmou.

Impacto da pandemia acelera adoção da digitalização contábil

Na esteira dos cancelamentos e adiamentos de eventos a partir de março, quando a pandemia do coronavírus chegou ao Brasil, estudantes e formados na área de contabilidade se depararam com a incerteza para a realização do Exame de Suficiência, a prova que permite o registro profissional e, portanto, a atuação cadastrada na área. Originalmente a prova estava marcada para 19 de abril, mas foi suspensa para aguardar as orientações dos órgãos especializados de saúde.

A vice-presidente de Registro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Lucélia Lecheta, explica que a decisão para a realização do exame de suficiência via online foi tomada logo em março. Quando ficou evidente que a situação atual não possibilitava uma prova presencial, decidiu-se em fazer o exame de forma virtual. "As coisas não andaram como a gente gostaria, então desde logo já começamos a pensar em outro plano para não deixar as 40 mil pessoas que se inscreveram no exame exercerem sua profissão", afirma Lecheta. "Não era justo com estas pessoas que estão inscritas no certame a gente não conseguir viabilizar alguma forma de fazer o exame".

A presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRC-RS), Ana Tércia Rodrigues, é favorável a esse modelo, e acredita que, caso funcione de acordo com a previsão, ele poderia ser implementado permanentemente. "Nós precisamos evoluir. A pandemia é um problema que está nos fazendo refletir sobre uma série de práticas que já se vinha postergando a muito tempo, e agora está se obrigando a encontrar alternativas para fazer o que era feito antes, mas em novos modelos", diz.

Rodrigues explica que o conceito da digitalização dos processos já está presente na economia e nos negócios, e é preciso se desapegar aos poucos dos antigos modelos. E, além disso, ela acredita que é necessário incorporar nas práticas da profissão, levando em consideração essa digitalização, a confiança como componente estratégico. "Tudo que vai se fazer daqui pra frente nos modelos virtuais pressupõe o paradigma da confiança. Temos que partir do princípio que as pessoas são confiáveis, e os sistemas precisam garantir que isso não seja subvertido", diz a presidente. "Se alguma coisa acontecer de errado que não se possa garantir a credibilidade do programa (onde vai ocorrer a prova), teremos que nos debruçar sobre o problema, mas não se pode invalidar o método sem que se tenha pelo menos tentado a modernização".

De acordo com Vitória Lunardi, professora de contabilidade na faculdade UNICNEC em Osório, a prova feita em plataforma digital pode causar um desconforto a princípio, mas não é uma novidade dentro do setor contábil, uma área que segundo ela já está muito vinculada à plataformas digitais, se mantendo em comunicação com instituições municipais, estaduais e federais, e portanto esse tipo de interação virtual é habitual e permite traquejo para utilizar a plataforma digital da prova. Ainda mais, ela aponta que a maioria dos alunos já atuam na profissão, especialmente em departamentos empresariais de contabilidade, que tem processos já digitalizados. Na percepção de Lunardi enquanto professora, o começo do período de isolamento foi difícil, mas houve adaptação. "As primeiras duas semanas foram muito estressantes, mas acredito que se conseguiu uma grande evolução a partir daí. Agora estamos na fase que sabemos que vamos retornar as atividades, mas não sabemos quando e como. Enquanto isso, vamos evoluir naquilo que temos".

Embora Lunardi aponte que é difícil prever assuntos que podem cair na prova com mais precisão do que os temas gerais apontados no edital, ela acredita que, devido às circunstâncias atuais do exame, é possível que a prova tenha mais questões de cálculo do que teóricas. "A cada período apresenta mais informações e nem nós professores sabemos o que pode ter na prova. Assim como os alunos, só vamos saber no dia", afirma. "E nós também temos a curiosidade de saber, quais aspectos foram mais abordados. E todo ano a gente comenta as provas com os alunos, faz parte do aprendizado do aluno ter o feedback do que fez".

Como será a prova?

O exame vai ser aplicado apenas para quem tinha a inscrição feita e o pagamento homologado. O examinando que, após a divulgação da retificação do edital modificando a data e o formato da prova, viu que não atende os requisitos para executar a prova online pode pedir a desistência até as 16h do dia 31 de julho.

Apesar da mudança na forma com que a prova é aplicada, são poucas as diferenças entre o exame virtual e o que seria o presencial. A alteração mais marcante além da plataforma envolve o ordenamento das questões. "Na hora que o candidato começar a prova as questões vão ser exibidas em modo aleatório. Isso quer dizer que não vai ter uma ordem definida de disciplina. O candidato pode receber qualquer questão de qualquer temática para realizar", explica Leiziany Rubim, gestora de concursos, processos seletivos e exames da Consulplan.

E, diferentemente do exame presencial, o candidato não vai poder pular essa questão para responder depois. Entretanto, elas não serão temporizadas, o que permite ao aluno se organizar melhor. A duração da prova também foi expandida, indo de 4h para 4h30, visando permitir ao aluno um tempo extra devido às circunstâncias da prova.

O tempo de prova é único, permitindo ao examinando entrar em qualquer horário entre o período do início, às 9h30, até o término às 14h. "Recomendamos que acesse a página, fique nela nos trinta minutos antecedentes para que não se atrase e não perca nenhum minuto", diz Rubim. Ela indica que, apesar da possibilidade de começar a prova após o horário de início, deve se ficar atento aos horários. "Se chegou 9h40 para a prova, já perdeu 10 minutos. É importante que o examinando se organize", destaca. No término da prova, o sistema vai ser desabilitado e as questões não respondidas serão consideradas em branco. O acesso vai estar liberado para o candidato durante todo o período da prova, possibilitando a retomada em caso de queda momentânea de energia ou internet. Entretanto, não haverá compensação do tempo perdido.

São 13 os assuntos que podem ser abordados na prova: Contabilidade Geral, Contabilidade de Custos, Contabilidade Aplicada ao Setor Público, Contabilidade Gerencial, Controladoria, Noções de Direito e Legislação Aplicada, Matemática Financeira e Estatística, Teoria da Contabilidade, Legislação e Ética Profissional, Princípios de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade, Auditoria Contábil, Perícia Contábil e Língua Portuguesa Aplicada. "A gente busca um conhecimento mais reflexivo e de compreensão", explica Rubim "Não é mera memorização ou decoreba, a gente vai exigir do candidato um raciocínio, uma linha de pensamento, mas vai ser dentro do que a gente já faz no exame presencial". Assim como na prova presencial, o aluno pode usar materiais como papel e caneta durante a prova, e também calculadora.

Cada questão vale um ponto, com o cálculo da prova final sendo feito através de soma simples. Para ser aprovado, o candidato precisa acertar no mínimo 50% das questões. Caso uma questão venha a ser anulada, essa questão conta como pontuação para todos os examinandos.

O acesso ao ambiente de prova deve ser realizado através de um computador, tanto desktop quanto notebook, com sistema operacional MS (Windows), a partir da versão Windows 7. O acesso à internet deve ter velocidade mínima de 5 Mbps (megabits por segundo). Para garantia de melhor desempenho, é preferível que o computador tenha 4GB de memória RAM e processador Intel Core i3, i5 ou i7. O acesso ao equipamento e à rede são de responsabilidade dos examinandos. A Consulplan e o CFC não recomendam que a prova seja feita via tablet ou smartphone, por possíveis dificuldades ou incompatibilidade da prova online com o sistema dos equipamentos eletrônicos portáteis. O manual com as orientações de acesso será publicado no dia 10 de agosto, no site da Consulplan.

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