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Êxito na sucessão familiar de empresas requer orientação de especialista com visão além do negócio

Êxito na sucessão familiar de empresas requer orientação de especialista com visão além do negócio

Especialista defende que o sucesso na continuação dos negócios também inclui análise de aspectos humanos.

Especialista certificada pela Harvard Business School, a profissional e conselheira de empresas, Gisélia Silva, defende que o sucesso na continuação dos negócios também inclui análise de aspectos humanos

Preparar devidamente o processo de sucessão nas empresas é uma tarefa que exige planejamento, considerando também aspectos de qualificação e de comportamento humano. Essas são as premissas citadas pela especialista em sucessão familiar e advogada, Gisélia Silva, certificada recentemente com o “Corporate Director Certificated”, da Harvard Business School, que vê a sucessão familiar como um processo que exige profundas reflexões.

Na visão da especialista, contar com um profissional em sucessão familiar, com imparcialidade e qualificação, possibilita uma visão do todo. Esse profissional teria o papel de mediador no alinhamento dos interesses da companhia. “Não há uma fórmula que se aplique a quaisquer empresas, pois não se trata de um produto de prateleira. Por isso a relevância de se contar com um profissional qualificado apoiando. É uma construção feita a partir de um diagnóstico. Para isso, um vínculo de confiança é fundamental”, analisa.

Apesar da importância de se planejar para esse tema, no Brasil apenas 33% das organizações têm um plano formal de sucessores, segundo dados da consultoria Talenses Executive, o planejamento de longo prazo pode ser um forte aliado. “No Brasil, empresas centenárias são muito poucas; além do contexto da macroeconomia que certamente impacta o sucesso, está o planejamento no longo prazo, o olhar atento para o que não está sob nosso controle do ponto de vista de valores e liderança. O que é uma empresa de sucesso? Essa única pergunta já demonstra que o alinhamento de interesses deve ser construído e que não vai acontecer de forma espontânea”, afirma Gisélia.

Para a profissional, “ninguém é melhor do que o criador (e seus sucessores diretos) para dar continuidade ao legado”. “Na prática, o interesse pelo negócio ou qualificação como administrador ou liderança, não vem no pacote da sucessão. É um campo que tem que ser semeado, desenvolvido, adubado, para então crescer”, exemplifica.

Uma decisão planejada tem muito mais chance de dar bons resultados do que uma decisão precipitada. Gisélia chama a atenção para os fatores que funcionam como um “sinal amarelo” para dar início a um processo de sucessão familiar. “Em geral, e não são poucas vezes, para que as empresas comecem a pensar sobre esse tema, é necessária a ocorrência de um evento que lance luz sobre o assunto. Por exemplo, uma doença, uma separação, uma divergência entre sócios”, diz.

Outro fato citado pela profissional e que pode pesar no processo, a comunicação, é um fator considerado “chave de sucesso”, assim como a transparência. Em termos de orientações sobre o momento ideal para se iniciar o processo, Gisélia atenta para uma série de indagações que o empresário deve fazer. “O momento ideal para pensar sobre o processo pode começar hoje, caso o empresário se perguntar: Se já iniciei o processo, como ele está sendo desenvolvido? Quais os desafios que enfrento? Se não está no momento de fazer o plano, como me preparo para ele? E se fui atropelado por um acontecimento inesperado, como juntar os pedaços e dar o primeiro passo?”, afirma.

Harmonia entre os familiares e alinhamento de interesses

Gisélia explica que há dois modelos de governança - a do negócio e a da família. Normalmente, segundo ela, a urgência maior vem do crescimento da empresa. “Na medida em que uma família avança para a terceira geração, não somente o número de pessoas, mas os interesses são muito diversos. O ideal é abordar a família em separado do negócio; mas muitas vezes, essa divisão não é clara para os familiares. Muitas vezes estamos dispostos a perder para não ceder. E transigir para reduzir os danos requer colocar razão e emoção lado a lado, compreendê-las, e não se deixar ser atropelado por uma ou outra”, diz.

Ela cita a “cultura da desconfiança” entre as principais barreiras e obstáculos no quesito sucessão familiar. “Muitas barreiras, em especial a da cultura de “desconfiança”. E também há os desafios do dia a dia para a sobrevivência. São tantos os desafios para se manter uma empresa viva, como pagar os impostos, fidelizar os clientes, manter o olho na concorrência, obter recursos sem colocar em risco o patrimônio, enfim, poderíamos listar muitos mais. Em suma, é preciso coragem e uma visão de futuro para se colocar esse tema na mesa”, explica.

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